quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A EDUCAÇAO SEXUAL

A educação sexual, como parte que é da educação integral, deve começar praticamente desde o berço, a partir do momento em que a criança, investigando o próprio corpo, descobre seus órgãos genitais e se põe a tocá-los com as mãos.
Tal descoberta deve ser encarada pelos pais com a maior naturalidade, não se justificando, absolutamente, digam ao neném que "isso é feio"; menos ainda que lhe façam ameaças ou castiguem, por causa desses toques.
Continua quando, ali pelos três anos, o menino e a menina, notando que existe uma diferença entre ambos, entram a fazer indagações a respeito, aliás com a maior inocência e pureza deste mundo, dando ensejo a que lhes satisfaçamos a curiosidade, dizendo-lhes que, ele, como homem, tem o jeito do pai, e ela, sendo mulher, se parece com a mãe.
Nessa idade, tanto os meninos como as meninas já podem saber que os bebês nascem da barriga das mães, bem como designar os respectivos órgãos sexuais por palavras que não sejam pejorativas nem complicadas.
Na infância, via de regra, os esclarecimentos sobre questões sexuais são dados pela mãe, mas podem sê:lo também pelo pai, caso a criança a ele se dirija primeiro.
Na adolescência, recomenda-se que o pai dê a orientação ao menino e a mãe à menina, por razões óbvias de melhor testemunho pessoal.
Esses informes devem ser progressivos e proporcionais ao grau de desenvolvimento psicológico do educando tendo em conta, ainda, a sensibilidade de cada um. E de boa praxe que se espere pelas perguntas, para então respondê-las.
Indagações como: "de onde eu vim?" "por que eu não tenho "pipi", como meu irmãozinho?" e outras semelhantes, raramente deixam de ser feitas e se os pais as receberem sem escandalizar-se, dando-lhes as respostas tranquilamente e com a maior simplicidade possível, granjearão a confiança dos filhos, animando-os a que lhes façam outras, sempre que estejam em dúvida ou demonstrem estar < maduros para novas revelações.
O ambiente familiar, aqui, é de suma importância. Uma criança que se sinta amada pelos pais e esteja habituada a conversar com eles, fará tais perguntas com toda espontaneidade e, chegada à fase da adolescência, quando o sexo deixará de ser simples curiosidade para converter-se em inquietante vivência pessoal, não terá dificuldade em solicitar e obter deles a orientação correta e segura de que necessite.
A criança, porém, que se ressinta de um clima afetuoso e comunicativo, ou cujos pais sejam daqueles que entendem, erroneamente, nada deverem dizer aos filhos sobre o assunto, "para não destruir-lhes a ingenuidade", buscará, na certa, outras fontes de informações (geralmente coleguinhas um pouco mais velhos), junto às quais receberá lições teóricas e práticas, vindo a saber de "tudo" quase sempre antes da hora e, o que é pior, de maneira deturpada, obscena, vil.
A educação sexual, ao contrário do que alguns espíritos retrógrados ainda imaginam, não consiste em sufocar, combater, reprimir um instinto natural, injustamente malsinado como diabólico e vergonhoso. Consiste, isto sim, em favorecer-lhe a evolução, amparando-o e guiando-o através das diversas fases de seu desenvolvimento, de modo a que atinja a maturidade, sadiamente, sem o perigo das manifestações precoces ou libertinas, incompatíveis com os códigos da Moral e dos bons costumes.
Lamentavelmente, certos pais "prafrentex" dão aos filhos mais informações sobre o sexo do que o grau de maturidade deles poderia suportar; favorecem-lhes a leitura de toda sorte de publicações que tratem do assunto, e dão-se por satisfeitos com isso, esquecidos de que o mais importante, em educação sexual, não é informar, mas sim FORMAR.
Sem dúvida, a informação é necessária, porque "acalma, equilibra e previne os riscos da ignorância", convindo se saiba que, em matéria de sexo, "é preferível uma informação correta um ano antes do que cinco minutos depois."
A formação, porém, é de muito maior relevância, mormente diante da supervalorização (diríamos barateamento do sexo, com que se defrontam os jovens de hoje.
O cinema, a televisão, os jornais, as revistas e as agências de publicidade, como que mancomunados, num total desrespeito à sacralidade do corpo humano, exploram ignobilmente a mulher, servindo-se dela qual mercadoria barata, para satisfazer a uma clientela ávida de erotismo. Provocam, com isso, uma verdadeira subversão dos princípios estabelecidos.
A seu turno, pregoeiros de uma "nova moral", em que a virgindade, a honra e a fidelidade conjugal são tratadas como coisas obsoletas, contribuem, também, para solapar os alicerces da família.
Urge, portanto, que os pais, superando suas próprias deficiências nesse terreno, ou abandonando a "solução do avestruz", tomem a firme decisão de proteger seus filhos contra os enormes perigos que os cercam e os assediam a todo instante e de todos os lados.
Para isso, é preciso conduzi-los à auto-disciplina no tocante à vida sexual, fazendo-os compreender, outrossim, que ser livre não é ser irresponsável, não é fazer o que bem entende, mas viver de acordo com as leis divinas, dominar os instintos pela razão, dizer "NAO" aos chamamentos dos prazeres desordenados. 1 

Rodolfo Calligaris – a vida em família – Instituto de Difusão Espírita – 31ª Edição – julho/2000
 
1 Conquanto acreditemos que a educação sexual somente atinja, os seus sagrados objetivos quando a unidade conjugal tenha vida sexual dentro dos padrões ditos normais, isto é, plenitude orgásmica derivada da interação do amor puro que por reciprocidade se difunde, sem palavras, para todos os elementos da constelação familiar, encarnados ou desencarnados, atentemos, apenas, para os seguintes trabalhos: Andrew C. Andry e Steven Schepp ilustrado por Blake Hampton, Tradução de Regina Maria da Veiga Pereira, "De Onde vêm os Bebês': Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1968; Geny Gonçalvez Pereira "El Espírita y el Sexo': Anuário Espírita 1972, edición castellana, IDE, Araras, pp. 81-91; J. Louise Despert,

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