Sugiro a leitura e a reflexão. Se tivermos a paciência
para lermos todo o artigo veremos quanta aprendizagem podemos
tirar.
Erecto, incendido o tórax de suave luz, falou o
Instrutor, comovedoramente:
— Enfastiados das repetidas sensações no plano
grosseiro da existência, intentais pisar outros domínios. Buscais a
novidade, o conforto desconhecido, a solução de torturantes
enigmas; todavia, não olvideis que a chama do próprio coração,
convertido em santuário de claridade divina, é a única lâmpada
capaz de iluminar o mistério espiritual, em nossa marcha pela senda
redentora e evolutiva. Ao lado de cada homem e de cada mulher, no
mundo, permanece viva a Vontade de Deus, relativamente aos deveres
que lhes cumprem. Cada qual tem à sua frente o serviço que lhe
compete, como cada dia traz consigo possibilidades especiais de
realização no bem. O Universo enquadra-se na ordem absoluta. Aves
livres em limitados céus, interferimos no plano divino, criando para
nós prisões e liames, libertação e enriquecimento. Insta, pois,
nos adaptemos ao equilíbrio divino, atendendo à função insulada
que nos cabe, em plena colméia da vida.
“Desde quando fazemos e desfazemos, terminamos e
recomeçamos, empreendemos a viagem reparadora e regressamos
perplexos, para o reinício”? Somos, no palco da Crosta planetária,
os mesmos atores do drama evolutivo. Cada milênio é ato breve, cada
século um cenário veloz. Utilizando corpos sagrados, perdemos,
entretanto, quais despreocupadas crianças, entretidas apenas em
jogos infantis, o ensejo santificante da existência; destarte,
fazemo-nos réprobos das leis soberanas, que nos enredam aos
escombros da morte, como náufragos piratas por muito tempo indignos
do retorno às lides do mar. Enquanto milhões de almas desfrutam
bons ensejos de emenda e reajustamento, de novo entregues ao esforço
regenerativo nas cidades terrestres, milhões de outras deploram a
própria derrota, perdidas no atro recesso da desilusão e do
padecimento.
(Não nos reportamos aqui aos) missionários heróicos
que suportam as sangrentas feridas dos testemunhos angustiosos, por
espírito de renúncia e de amor, de solidariedade e de sacrifício;
são luzes provisoriamente apartadas da Luz Divina e que voltam ao
domicilio celeste, como o trabalhador fiel regressa ao lar, finda a
cotidiana tarefa.
«Referimo-nos às bastas multidões de almas
indecisas, presas da ingratidão e da dúvida, da fraqueza e da
dissipação, almas formadas à luz da razão, mas escravizadas à
tirania do instinto».
E num rasgo de humildade cristã, Eusébio continuou:
- «Falamos de todos nós, viajores que extravagamos no
deserto da própria negação; de nós, pássaros de asas partidas,
que tentamos voar ao ninho da liberdade e da paz, e que, no
entanto, ainda nos debatemos no chavascal dos prazeres de
ínfima estofa. Porque não represar o curso das paixões corrosivas
que nos flagelam o espírito? Porque não sofrear o ímpeto da
animalidade, em que nos comprazemos, desde os primeiros laivos de
raciocínio? Sempre o terrível dualismo da luz e das trevas, da
compaixão e da perversidade, da inteligência e do impulso bestial.
Estudamos a ciência da espiritualidade consoladora desde os
primórdios da razão, e, todavia, desde as épocas mais remotas,
consagramo-nos ao aviltamento e ao morticínio.
«Cantávamos hinos de louvor com Krishna, aprendendo
o conceito da imortalidade da alma, à sombra das árvores augustas
que aspiram aos cimos do Himalaia, e descíamos, logo depois, ao vale
do Ganges, matando e destruindo para gozar e possuir. Soletrávamos o
amor universal com Sidarta Gautama, e perseguíamos os semelhantes,
em aliança com os guerreiros cingaleses e hindus. Fomos herdeiros da
Sabedoria, nos tempos distantes da Esfinge, e, no entanto, da
reverência aos mistérios da iniciação passávamos à hostilidade
sanguissedenta, nas margens do Nilo. Acompanhando a arca simbólica
dos hebreus, reiteradas vezes líamos os mandamentos de Jeová,
contidos nos rolos sagrados, e, desatentos, os esquecíamos, ao
primeiro clangor de guerra aos filisteus. Chorávamos de comoção
religiosa em Atenas, e assassinávamos nossos irmãos em Esparta.
Admirávamos Pitágoras, o filósofo, e seguíamos Alexandre, o
conquistador. Em Roma, conduzíamos oferendas valiosas aos deuses,
nos maravilhosos santuários, exaltando a virtude, para desembainhar
as armas, minutos depois, no átrio dos templos, disseminando a morte
e entronizando o crime; escrevíamos formosas sentenças de respeito
à vida, com Marco Aurélio, e ordenávamos a matança de pessoas
limpas de culpa e úteis à sociedade. Com Jesus, o Divino
Crucificado, nossa atitude não tem sido diferente. Sobre os despojos
dos mártires, imolados nos circos, vertemos rios de sangue em
vindita cruel, armando fogueiras do sectarismo religioso. Suportamos
administradores arbitrários e ignominiosos, de Nero a Diocleciano,
porque tínhamos fome de poder, e quando Constantino nos abriu as
portas da dominação política, com vertemo-nos de servos
aparentemente fiéis ao Evangelho em criminosos árbitros do mundo.
Pouco a pouco esquecemos os cegos de Jericó, os paralíticos de
Jerusalém, as crianças do Tiberíades, os pescadores de cafarnaum,
para afagar as testas coroadas dos triunfadores, embora soubéssemos
que os vencedores da Terra não podem fugir à peregrinação ao
sepulcro. Tornou-se a idéia do Reino de Deus fantasia de
ingênuos, pois não largávamos o lado direito dos príncipes,
sequiosos de fastígio mundano. Ainda hoje, decorridos quase vinte
séculos sobre a cruz do Salvador, benzemos baionetas e canhões,
metralhadoras e tanques de assalto, em nome do Pai Magnânimo,
que faz refulgir o sol da misericórdia sobre os justos e sobre os
injustos.
«É por esta razão que nossos celeiros de luz
permanecem vazios. O vendaval das paixões fulminantes de homens e de
povos passa ululante, de um a outro pólo, a semear maus presságios.
«Até quando seremos gênios demolidores e perversos?
Ao invés de servos leais do Senhor da Vida, temos sido soldados dos
exércitos da ilusão, deixando à retaguarda milhões de túmulos,
abertos sob aluviões de cinza e fumo. Debalde exortou-nos o Cristo a
buscar as manifestações do Pai em nosso próprio Intimo. Cevamos e
expandimos ünicamente o egoísmo e a ambição, a vaidade e a
fantasia na Crosta Planetária. Contraímos pesados débitos e
escravizamo-nos aos tristes resultados de nossas obras, deixando-nos
ficar, indefinidamente, na messe dos espinhos.
«Foi assim que atingimos a época moderna, em
que a loucura se generaliza e a harmonia mental do homem está a
pique de soçobro. De cérebro evolvido e coração imaturo,
requintamo-nos, presentemente, na arte de esfacelar o progresso
espiritual. »
O excelso orientador deu à oração mais longo
intervalo, durante o qual observei companheiros em torno. Homens e
mulheres, segurando alguns fortemente as mãos uns dos outros,
exibiam extrema palidez no semblante estarrecido. Alguns deles, por
certo, compareciam ali pela primeira vez, como eu, dado o extático
assombro que se lhes estampava no rosto.
Fixando na assembléia o olhar percuciente, o Instrutor
prosseguiu:
— (Nos séculos pretéritos, as cidades florescentes
do mundo desapareciam pelo massacre, ao gládio dos conquistadores
sem entranhas, ou estacionavam sob a onda mortífera da peste
desconhecida e não atacada). Hoje, as coletividades humanas ainda
sofrem o assédio da espada homicida, e chuvas de bombas arremetem
contra populações indefesas; no entanto, a febre amarela, a cólera
e a varíola foram dominadas; a lepra, a tuberculose e o câncer
experimentam combate sem tréguas. Existe, porém, nova ameaça ao
domicílio terrestre: o profundo desequilíbrio, a desarmonia
generalizada, as moléstias da alma que se ingerem, sutis,
solapando-vos a estabilidade.
«Vossos caminhos não parecem percorridos por seres
conscientes, mas semelham-se a estranhas veredas, ao longo das quais
tripudiam duendes alucinados.
Como fruto de eras sombrias, caracterizadas pela
opressão e maldade recíprocas, em que temos vivido odiando-nos uns
aos outros, vemos a Terra convertida em campo de quase intérminas
hostilidades. Homens e nações perseguem o mito do ouro fácil;
criaturas sensíveis abandonam-se aos distúrbios das paixões;
cérebros vigorosos perdem a visão interior, enceguecidos pelos
enganos da personalidade e do autoritarismo.
Empenhados em disputas intermináveis, em duelos
formidandos de opinião, conduzidos por desvairadas ambições
inferiores, os filhos da Terra abeiram-se de novo abismo, que o olhar
conturbado não lhes deixa perceber. Esse hiante vórtice, meus
irmãos, é o da alienação mental, que não nos desintegra só os
patrimônios celulares da vida física, senão também nos atinge o
tecido sutil da alma, invadindo-nos o cerne do corpo perispiritual.
Quase todos os quadros da civilização moderna se acham
comprometidos na estrutura fundamental. Precisamos, pois, mobilizar
todas as forças ao nosso alcance, a serviço da causa humana, que é
a nossa própria causa.
«O trabalho salvacionista não é exclusividade da
religião: constitui ministério comum a todos, porque dia virá
em que o homem há de reconhecer a Divina Presença em toda a parte.
A realização que nos compete não se filia ao
particularismo: é obra genérica para a coletividade, esforço
do servidor honesto e sincero, interessado no bem de todos.
“Se visuais a nossa companhia buscando orientação
para o trabalho sublime do espírito, não vos esqueça vossa luz
própria. Não conteis com archotes alheios para a jornada. Em
míseros planos de sofrimento regenerador, nas vizinhanças da carne,
choram amargamente milhões de homens e de mulheres que abusaram do
concurso dos bons, precipitando-se nas trevas ao perder no túmulo os
olhos efêmeros com que apreciavam a paisagem da vida à luz do Sol.
Displicentes e recalcitrantes, esquivaram-se a todas as oportunidades
de acender a própria lâmpada. Aborreciam os atritos da luta,
elegeram o gozo corporal como objetivo supremo de seus propósitos na
Terra; e, quando a morte lhes cerrou as pálpebras saciadas, passaram
a conhecer uma noite mais longa e mais densa, referia de angústias e
de pavores.»
Nesse momento, Eusébio interrompeu-se por mais de um
minuto, como a recordar cenas comovedoras que as imagens de seu verbo
evocavam, demonstrando certa vaguidade no olhar.
Notei a ansiedade com que a assembléia aguardava o
retorno de sua palavra. Damas sensibilizadas ressumbravam forte
impressão nas fisionomias transfiguradas, e todos nós, ante a
exposição leal e comovente, nos mantínhamos quedos e aturdidos.
Decorridos longos segundos, o orador prosseguiu com
inflexão enérgica e patriarcal:
- «Procurais conosco a precisa orientação para os
trabalhos que vos tangem presentemente na Crosta da Terra. Seduzidos
pela claridade da Esfera Superior, fascinados pelas primeiras noções
do amor universal, desejais a graça da cooperação na sementeira do
porvir. Reclamais asas para os surtos sublimes, tendes em mira
coadjuvar no esforço de elevação. Indubitavelmente, a intenção
não pode ser mais nobre; é, entretanto, indispensável considereis
a vossa necessidade de integração no dever de cada dia. Impossível
é progredir no século, sem atender às obrigações da hora -
Torna-se imprescindível, na atualidade, recompor as energias,
reajustar as aspirações e santificar os desejos.
- Não basta crer na imortalidade da alma. Inadiável
é a iluminação de nós mesmos, a fim de que sejamos claridade
sublime. Não basta, para o arrojado cometimento da redenção, o
simples reconhecimento da sobrevivência da alma e do intercâmbio
entre os dois mundos. Os levianos e os maus, os ignorantes e os
estultos, podem corresponder-se igualmente a distância, de país a
país.
Antes de mais nada importa elevar o coração, romper as
muralhas que nos encerram na sombra, esquecer as ilusões da posse,
dilacerar os véus espessos da vaidade, abster-se do letal licor do
personalismo aviltante, para que os clarões do monte refuljam no
fundo dos vales, a fim de que o sol eterno de Deus dissipe as
transitórias trevas humanas.
«Vanguardeiros da fé viva, que o desejais ser
doravante no mundo, não obstante os percalços que se nos defrontam,
exige-se de vós a cabal demonstração de estardes certos da
espiritualidade divina.
«O Plano Superior não se interessa pela
incorporação de devotos famintos de um paraíso beatifico.
Admitiríeis, porventura, vossa permanência na Crosta Planetária,
sem finalidades específicas? se a erva tenra deve produzir consoante
objetivos superiores, que dizer da magnífica inteligência do homem
encarnado? que não há que esperar da razão iluminada pela fé!
Receberíamos tão sagrados depósitos de conhecimento edificante
para um sacrifício por nada? teríamos o aljôfar de tais bênçãos
para fortalecer o propósito egoístico de alcançar o céu sem
escalas preparatórias, sem atividades purificadoras?
«Nossa meta, meus amigos, não se compadece com o
exclusivismo ególatra. A Porta Divina não se abre a espiritos que
se não divinizaram pelo trabalho incessante de cooperação com o
Pai Altíssimo. E o solo do Planeta, a que vos prendeis
provisoriamente, representa o abençoado círculo de colaboração
que o Senhor vos confia. Recolhei o orvalho celeste no escrínio do
coração sedento de paz; contemplai as estrelas que nos acenam de
longe, como sublimes ápices da Divindade; todavia, não olvideis o
campo de lutas presentes.
«O espiritualismo, nos tempos modernos, não pode
restringir Deus entre as paredes de um templo da Terra, porque a
nossa missão essencial é a de converter toda a Terra no templo
augusto de Deus.
«Para a nossa vanguarda de obreiros decididos e
valorosos passou a face de experimentação fútil, de investigações
desordenadas, de raciocínios periféricos. Vivemos a estruturação
de sentimentos novos, argamassando as colunas do mundo vindouro, com
a luz acesa em nosso campo íntimo. Natural é que os aprendizes
recém-chegados experimentem, examinem, operem sondagens e evoquem
teorias brilhantes, em que as hipóteses concorram ao lado da
exibição personalista: compreensível e razoável. Toda escola
caracteriza-se pelos diversos cursos, que lhe formam os quadros e as
disciplinas. Não nos dirigimos aqui, porém, aos que ainda sonham na
clausura do «eu», enredados nos mil obstáculos da fantasia que
lhes cristaliza as impressões. Falamos a vós outros, que sentis a
sede de universalismo, anônimos companheiros da humanidade que se
esforça por emergir das trevas para a luz. Como aceitardes a
estagnação como princípio e a felicidade exclusivista como fim?
«Alimentemos a esperança renovadora. Não invoqueis
Jesus para justificar anseios de repouso indébito. Ele não atingiu
as culminâncias da Ressurreição sem subir ao Calvário, e as suas
lições referem-se à fé que transporta montanhas.
Não reclamemos, pois, ingresso em mundos felizes, antes
de melhorar o nosso próprio mundo. Esquecei o velho erro de que a
morte do corpo constitui milagrosa imersão da alma no rio do
encantamento. Rendamos culto à vida permanente, à justiça
perfeita, e adaptemos-nos à Lei que nos apreciará o mérito sempre
de conformidade com as nossas próprias obras.
«Nosso ministério é de iluminação e de eternidade.
«O Governo Universal não nos circunscreveu as
atividades à guarda de altares perecíveis. Não fomos convocados a
velar no círculo particular duma interpretação exclusivista, senão
a cooperar na libertação do espírito encarnado, abrindo horizontes
mais claros à razão humana, refazendo o edifício da fé redentora
que as religiões liberalistas esqueceram.
«Sopros imensos da onda evolucionista varrem os
ambientes da Terra.
Todos os dias ruem princípios convencionais, mantidos a
titulo de invioláveis durante séculos. A mente humana, perplexa, é
compelida a transições angustiosas. A subversão de valores, a
experiência social e o processo acelerado de seleção pelo
sofrimento coletivo perturbam os tímidos e os invigilantes, que
representam esmagadora maioria em toda parte... Como atender a
esses milhões de necessitados espirituais, se não receberdes a
responsabilidade do socorro fraterno? como sanar a loucura
incipiente, se não vos transformardes em ímãs que mantenham o
equilíbrio? Sabemos que a harmonia interior não é artigo de
oferta e procura nos mercados terrestres, mas aquisição espiritual
só acessível no templo do Espírito.
«Faz-se, pois, mister acendamos o coração em amor
fraternal, à frente do serviço. Não bastará, em nossas
realizações, a crença que espera; indispensável é o amor que
confia e atende, transforma e eleva, como vaso legítimo da Sabedoria
Divina.
«Sejamos instrumentos do bem, acima de expectantes da
graça. A tarefa demanda coragem e suprema devoção a Deus. Sem que
nos convertamos em luz, no círculo em que estivermos, em vão
acometeremos a sombra, aos nossos próprios pés. E, no
prosseguimento da ação que nos compete, não nos esqueçamos de que
a evangelização das relações entre as esferas visíveis e
invisíveis é dever tão natural e tão inadiável da tarefa quanto
a evangelização das pessoas.
Não busqueis o maravilhoso: a sede do milagre pode
viciar-vos e perder-vos.
“Vinculai-vos, pela oração e pelo trabalho
construtivo, aos planos superiores, e estes vos proporcionarão
contacto com os Armazéns Divinos, que suprem a cada um de nós
segundo a justa necessidade”.
“As ordenações que vos ajoujam na paisagem terrena,
por mais ásperas ou desagradáveis, representam a Vontade Suprema”.
«Não galgueis os obstáculos, nem tenteis contorná-los
pela fuga deliberada: vencei-os, utilizando a vontade e a
perseverança, ensejando crescimento aos vossos próprios valores.
«Cuidai em não transitar sem a devida prudência nos
caminhos da carne, em que, muita vez, imitais a mariposa estouvada.
Atendei as exigências de cada dia, rejubilando-vos por satisfazer
as tarefas mínimas.
«Não intenteis o vôo sem haver aprendido a marcha.
Sobretudo, não indagueis de direitos prováveis que vos
caberiam no banquete divino, antes de liquidar os compromissos
humanos.
Impossível é o título de anjos, sem serdes, antes,
criaturas ponderadas.
«Soberanas e indefectíveis leis nos presidem aos
destinos. Somos conhecidos e examinados em toda parte.
«As facilidades concedidas aos espíritos santificados,
que admiramos, são prodigalizadas a nós, por Deus, em todos os
lugares. O aproveitamento, porém, é obra nossa. As máquinas
terrestres podem alçar-vos o corpo físico a consideráveis alturas,
mas o vôo espiritual, com que vos libertareis da animalidade, jamais
o desferireis sem asas próprias.
A consolação e a amizade de benfeitores encarnados e
desencarnados enriquecer-vos-ão de conforto, quais suaves e
abençoadas flores da alma; entretanto, fenecerão como as rosas de
um dia, se não fertilizardes o coração com a fé e o entendimento,
com a esperança inquebrantável e o amor imortal, sublimes adubos
que lhes propiciem o desenvolvimento no terreno do vosso esforço sem
tréguas.
“Não cobiceis o repouso das mãos e dos pés; antes
de abrigar semelhante propósito, procurai a paz interior na suprema
tranqüilidade da consciência”.
«Abandonai a ilusão, antes que a ilusão vos abandone.
«Empolgando a chefia da própria existência, deixai
plantado o bem na esteira de vossos passos.
«Somente os servos que trabalham gravam no tempo os
marcos da evolução; só os que se banham no suor da
responsabilidade conseguem cunhar novas formas de vida e de ideal
renovador. Os demais chamem-se monarcas ou príncipes, ministros
ou legisladores, sacerdotes ou generais, entregues à ociosidade,
classificam-se na ordem dos sugadores da Terra; não chegam a
assinalar sua permanência provisória na Crosta do Planeta; adejam
como insetos multicores, tornando à poeira de que se alçaram por
alguns minutos.
(Regressando, pois, ao corpo de carne, valei-vos da luz
para as edificações necessárias).
Participemos do glorioso Espírito do Cristo.
«Convertamos-nos em claridade redentora.
“O desequilíbrio generalizado e crescente invade os
departamentos da mente humana. Combatem-se, desesperadamente, as
nações e as ideologias, os sistemas e os princípios. Estabelecida
a trégua nas lutas internacionais, surgem deploráveis guerras
civis, armando irmãos contra irmãos. A indisciplina fomenta greves,
a ânsia de libertação perturba o domicílio dos povos.
Guerreiam-se as esferas de ação entre si; encarnados e
desencarnados de tendências inferiores colidem feroz-mente, aos
milhões. Inúmeros lares transformam-se em ambientes de
inconformação e desarmonia. Duela o homem consigo mesmo no atual
processo acelerado de transição.
«Equilibrai-vos, pois, na edificação necessária,
convictos de que é impossível confundir a Lei ou trair-lhe os
ditames universais!»
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