4ª AULA -
ESTRUTURA DA PSIQUE III
O
desenvolvimento da personalidade é o grande desafio. Deparamo-nos com
obstáculos, pulsos, impulsos, complexos, conflitos... que nos impedem de
avançar.
O
que nos prende ainda nas zonas das sombras?
JOANNA
DE ÂNGELIS em ENCONTRO COM A PAZ E A SAÚDE cap.9 nos diz: “O desenvolvimento
das potencialidades internas do ser faz-se muito lentamente, enquanto as
vivências orgânicas da sobrevivência, da manutenção do corpo, do repouso e da
reprodução prevalecem assinalando com vigor a vilegiatura humana, nas repetidas
reencarnações.”
·
Historicamente
somos apenas saídos da barbárie. Mil anos para a história da humanidade é muito
pouco. Há dez mil anos atrás éramos os homens das cavernas. Vemos que muito
temos que avançar. Ainda não dominamos nossas emoções, desejos, paixões, pouco
podemos.
·
Quais as
tendências e instintos que nos prendem nos círculos estreitos do ego?
FREUD
acreditava que temos pulsões de vida e de morte. Momentos harmoniosos e
momentos que destruímos nossa própria natureza.
ID
para FREUD: “O ID constitui o polo pulsional da personalidade. Seus conteúdos,
expressões psíquicas das pulsões, são inconscientes, por um lado hereditários e
inatos, e por outro, recalcados e adquiridos.” (Vocabulário da Psicanálise).
JUNG
não usava essa terminologia do ID, mas admitia que isso fizesse parte do
inconsciente quando estudou a sombra. Na sombra estão as manifestações que se
tornaram inconscientes e que trazem todas essas pulsões. Hoje nos espantamos
com os desregramentos que formam a sociedade como a criminalidade, a
violência... por desconhecermos os impulsos e pulsos que nos habitam. Tentamos
a transformação e domar o ego, mas não existe
ainda em nos um ego estruturado. Então fica difícil lidar com essa
bagagem desconhecida. Daí a importância do autoconhecimento. É a ferramenta que
nos permite lidar com essas forças que vêm à tona na nossa personalidade, as quais
desconhecemos e quando se manifestam e nos transformam a ponto de nos
desconhecermos, levando-nos a ações de seres primitivos. Esses conteúdos não estão
sob o domínio que temos da psique e das Leis Morais que temos que abraçar para
fazer as devida transformações.
JOANNA
DE ÂNGELIS: “ID – O remanescente dos instintos, dos impulsos e desejos e do
prazer, que procedeu do ID exteriorizando-se na forma do Ego, permite o
controle e a constatação consciente da realidade como herança dos registros
mais profundos da psique.”(O DESPERTAR DO ESPÍRITO cap. 6).
O
ego tenta dominar, se mostrar diferente. Ex. Estamos com raiva e não admitimos
estar com raiva. O problema é canalizar essa raiva. De forma sombria- ela se
torna destrutiva. De forma positiva leva-nos a transformações.
Precisamos
conhecer nossos pulsões e instintos. S os negamos, não conseguiremos fazer
nossa transformação.
FREUD:
SUPEREGO “O seu papel é semelhante a de um juiz ou de um censor relativamente
ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de ideias,
funções do Superego. O Superego, a parte que contra-age ao ID, representa os
pensamentos morais e éticos.”
(VOCABULÁRIO
DA PSICANÁLISE).
Quando
somos educados na família, na sociedade, esses impulsos vão sendo contidos pela
estrutura coletiva e pelo senso diretivo que o ego vai formando. Ex. Educação
da criança: isto é bom = positivo (o que pode fazer) ou: isto não é bom =
negativo (o que não pode). Ajuda a
formar um senso.
O
ego é quem intermedeia esse processo de lidar com suas pulsões e ao mesmo tempo
de verificar o que o censor diria de tudo isso. Não pode ser uma censura
castradora. Não devemos esconder nossas atitudes, mas educá-las, treiná-las,
exercitá-las verificando onde nossos pulsos precisam ser transformados e
educados.
JOANNA
DE ÂNGELIS: ”O ego, predominando em a natureza humana, utiliza-se de muitos
mecanismos para ocultar os seus conflitos expressando-se como diversos tipos de
fuga da realidade... Trata-se de uma exacerbação do Superego, para manter sua
identidade e permanecer soberano, impedindo as manifestações superiores do
Self.” (O DESPERTAR DO ESPÍRITO cap. 6)
Quando
o ego não lida bem com as pulsões e com a atividade sensorial do superego, ele
cria mecanismo conflitivos ou mecanismos de defesa.
Mecanismos
conflitivos são as forças que não foram trabalhadas e que tentamos esconder em
nossa natureza. Tentamos negar. Ex.: Enxergar no outro os defeitos que
possuímos. Tem algo no outro que existe em mim e que não consigo lidar com
isso. Precisamos verificar em nós a raiz desse incômodo. É preciso educar esse
conteúdo que existe em nós.
PERSONALIDADE
JUNG:
“É o conjunto de características psíquicas e modos de ser que formam um
conjunto de particularidades de caráter e de atitudes. A personalidade se
desenvolve no decorrer da vida, a partir de germes; somente pela nossa ação é
que se torna manifesto quem somos de verdade.”
Tudo
isso é um processo em desenvolvimento. Precisamos transformar características
que são inadequadas na nossa forma de ser, de tratar o outro, de encarar a
vida. Somente pela nossa REFLEXÃO E AÇÃO podemos transformar e mudar nossa
personalidade e para não ficarmos presos aos traumas de personalidade, como se
vários “eus” habitassem em nós.
Passaríamos
a ser, como diz Joanna de Ângelis, “pessoas espelho”; não me conheço e passo a
refletir a conveniência dos outros. Mudo de acordo com o ambiente que estou, de
acordo com a opinião dos outros.
J.
DE ÂNGELIS: “A personalidade é transitória e assinala etapas
reencarnacionistas, definidoras de experiências nos sexos, na cultura, na
inteligência, na arte e no relacionamento interpessoal. Cada pessoa reencarna
com as características herdadas das experiências anteriores e submete-se aos
condicionamentos de cada fase, por ela transitando com os seus sinais
tipificadores.” (O SER CONSCIENTE, cap. 2)
Personalidade
é o conjunto das características dos arquivos no nosso subconsciente.
ÂNIMA
E ÂNIMUS
JUNG:
“O arquétipo da Ânima constitui o lado feminino da psique masculina. O arquétipo
Ânimus compõe o lado masculino da psique feminina. São as qualidades do sexo
oposto não só no sentido biológico (hormonal), mas também no sentido
psicológico das atitudes e sentimentos.”
·
Feminino:
associado aos sentimentos de espiritualidade, maternidade, etc.
·
Masculino:
associado aos sentimentos de encontrar soluções, mando, mais enérgico,
pensamento lógico, etc.
Ambos,
masculino e feminino, possuem características das duas polaridades para poder
desenvolver sua personalidade integralmente.
J.
DE ÂNGELIS: ÂNIMA E ÂNIMUS – “ Porque assexuado, o Espírito mergulha no corpo
físico, ora exercendo uma polaridade e em outra ocasião outras diferentes
expressões anatômicas, que caracteriza como masculino ou feminino... O
comportamento vivenciado em cada anatomia e função sexual irá responder pelo
arquétipo Ânima/Ânimus, ambos tornando-se parceiros invisíveis.” (TRIUNFO
PESSOAL cap. 1)
Trazemos
no arcabouço de nossas experiências também essas expressões de homens e
mulheres desenvolvendo sentimentos de bravura, coragem para que no fim de nosso
ciclo de individuação essas forças estejam equilibradas.
PERSONA
JUNG:
“A persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e
a sociedade. É uma espécie de máscara destinada, por um lado a ocultar a
verdadeira natureza do indivíduo.”
(O EU E O INCONSCIENTE pt 304)
Persona
vem do grego e significa máscara. Precisamos da persona. Ela se torna negativa
quando pensamos que somos a persona. Ex.: Médico precisa da persona ou máscara
ou postura de médico no seu consultório. Serve para estabelecer elo entre o eu
e a sociedade. Funciona como censor.
J.
DE ÂNGELIS: “Sob a máscara da personalidade, encontram-se expressões insuspeitáveis
da realidade, que somente a largo tempo e com o auxílio das lentes da percepção
profunda consegue identificar.”
(AUTODESCOBRIMENTO cap. 5)
Qual
é a persona que você usa mais constantemente? Como você se define?
INDIVIDUAÇÃO:
JUNG: “O objetivo do processo de individuação é fazer o indivíduo tornar-se a
pessoa que realmente é. É um processo de diferenciação, no qual se deve desligar dos complexos e dos padrões
coletivos, das expectativas de papéis daquilo que os outros esperam dele para
tornar-se único.”
Somos
regidos pelo Self que quer fazer o processo de transformação. Mas, ao
longo
de nossa jornada, vamos construindo, ao redor de nossa personalidade, censores,
personas rígidas. Vamos transformando nossa sombra densa em mecanismos de
defesa, complexos, tendo impulsos que fazem parte do ID criando como se fosse
uma névoa que não permite ao ego perceber o eu que ele verdadeiramente é.
A
individuação não é regida pelo ego, mas se realiza (concretiza) através do ego.
J.
DE ÂNGELIS: INDIVIDUAÇÃO: “É o momento da conquista da consciência, do
discernimento claro, da conscientização de si-mesmo. Esse processo pode dar-se
naturalmente ou através de cuidadosa psicoterapia. Graças a essa conquista, é
possível separar a personalidade individual do coletivo, ao tempo em que se
adquire consciência de responsabilidade social e humana pelo coletivo.”
(TRIUNFO PESSOAL cap. 1)
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