O INCONSCIENTE – ENCONTRO COM A
SOMBRA
A SOMBRA
ROBERT BLY “AO ENCONTRO DA
SOMBRA”
“Passamos
nossa vida até os 20 anos decidindo quais as partes de nós mesmos que poremos
nas sacolas e passamos o resto da vida tentando retirá-las de lá. Algumas vezes
parece impossível recuperá-las como se a sacola estivesse lacrada.”
Como
a sombra começa a se formar?
A
construção da sombra inicia no começo da vida. É nesta fase inicial da vida que
o ser começa a colocar nas sacolas do subconsciente as raivas, frustrações,
tristezas, irritações... para ser mais aceito pelos outros com quem convive.
Na
adolescência ou na fase adulta, continua
colocando na sacola, cria uma persona e passa a acreditar que é a persona. Mas
em algum momento, aquele conteúdo colocado na sacola precisa ser conhecido para
que o processo de individuação se faça.
Ex.:
História do médico e do monstro. Tentativa de separar o bom do mau.
Conclusão:
Não é possível viver a separação das polaridades, separar nosso lado bom do
mau. Precisamos trabalhar o lado mau.
JUNG:
“A sombra personifica o que o indivíduo recusa conhecer ou admitir e que, no entanto, sempre se impõe a ele, direta ou
indiretamente, tais como os traços inferiores do caráter ou outras tendências
incompatíveis. É “aquela personalidade
oculta, recalcada, frequentemente inferior”, que em geral, tem um valor afetivo
negativo.”
A
sombra é o nosso oposto, aquilo que recusamos reconhecer em nós. No trabalho
com a sombra precisamos aceitar aquilo que recusamos em nós.
“Existem,
em nossa sombra, tendências incompatíveis com a sociedade e que recolocamos no
inconsciente.”
Quanto
mais a sombra fica no inconsciente mais se torna densa.
Ex.:
Criança afetiva. Sua afetividade não aceita foi para o inconsciente. Na fase
adulta, ao manifestar atos de afeto e
carinho, é provável que eles saiam do inconsciente da mesma forma imatura da
infância, pois esse comportamento não foi atualizado no decorrer da vida. No
complexo há energia para ser trabalhada, geralmente negativa.
JUNG
“Todo
homem tem uma sombra e, quanto menos ela se incorpora à vida consciente, mais
escura e densa ela será. De todo modo, ela forma uma trava inconsciente que
frustra nossas melhores intenções.”
Por
desconhecer a sombra, nossas melhores intenções são contaminadas por ela. São
mal interpretadas.
No
casamento: nossa sombra pode escolher o nosso parceiro para que possa ser
trabalhada. Então vêm as frustrações, os boicotes. Os conteúdos desconhecidos
impedem nosso processo de individuação, por não terem sido elaborados.
JUNG:
“AION, PT. 423”
“A
sombra não consiste apenas de tendências moralmente repreensíveis, mas também demonstram
várias boas qualidades, como instintos normais, reações apropriadas, insights realistas,
impulsos criativos, etc.”
Conteúdos
que, de repente, aparecem como solução para problema. Vêm da
sombra, do seu conteúdo positivo que aí se encontra.
Ex.:
Instintos normais de preservação da vida.
Criatividade
é conteúdo da sombra. O impulso criativo é um instinto. A criatividade nos
torna flexíveis.
JOANNA
DE ÂNGELIS: “JESUS E O EVANGELHO À LUZ DA PSICOLOGIA PROFUNDA, CAP. 22”
“As
experiências não vivenciadas, as circunstâncias ainda não conhecidas
constituem-lhe a sombra que se pode apresentar, também, do nosso ponto de
vista, como os insucessos, os abusos, os desgastes a que se entregou, fazendo-a
densa, porque necessitada de diluir-se através de outras atitudes compatíveis
com as conquistas da inteligência e do sentimento.”
As
experiências não vivenciadas pertencem à sombra e agem da mesma forma das que
pertencem às vidas passadas, interferindo na pessoa que somos. Precisamos nos
autoconhecer.
A
forma de diluir a sombra densa é mudando de atitude. No aprimoramento dos
sentimentos, atitudes,...é que as vidas sucessivas nos permitem diluir a sombra.
JOANNA
DE ÂNGELIS: “O DESPERTAR DO ESPÍRITO, CAP. 2”
“A
própria personalidade, não poucas vezes, apresentando-se fragilizada,
fragmenta-se e dá surgimento a vários eus que ora se sobrepõem ao ego, ora se
caracterizam como identidade dominante.”
A
estrutura do ego frágil permite incorporar persona na nossa vida, fragilizando
e fragmentando nossa personalidade, dando origem a vários eus. Várias
personalidades, parecendo ser processo obsessivo. São parte de nós não aceitas
e não vivenciadas.
Na
vida diária: na profissão onde preciso usar de liderança e autoridade e se isso
não é parte da personalidade que é insegura, ao perceber que no trabalho a
autoridade traz conforto, passa a usar da mesma em outros campos da vida. Pode
haver conflitos, O comportamento passa a ser estranho para os outros que não o
reconhecem mais.
Como
nosso processo de individuação pode acontecer com esse conflito de
personalidade fragmentada (vários eus)?
Precisamos
conversar e conhecer nossas partes inseguras, frustradas, autoritárias e fazer
acordos, conhecê-las. Em cada uma das partes há algo importante para meu
processo de individuação.
JOANNA
DE ÂNGELIS: “O DESPERTAR DO ESPÍRITO; CAP. 2”
“Nessa
aparente dicotomia dos dois eus, a ocorrência se dá porque um não toma
conhecimento do outro de forma consciente, podendo mesmo negar-se um ao outro.
O Eu, porém, é único, indivisível manifestando-se, isto sim, em expressões
diferentes de consciência e de autorrealização.”
A
importância de apresentar-se a si mesmo. Examinar em nós o que deve ser mudado.
Fazer reflexão diária para o autoconhecimento.
Precisamos
perceber o que é negativo em nós. Como podemos temer e querer viver plenamente
ao mesmo tempo uma determinada situação?
Precisamos
perceber o que nos causa insegurança e trabalhar para que possamos viver o que
desejamos viver.
JOANNA
DE ÂNGELIS: “O HOMEM INTEGRAL, CAP. 7”
“Mergulhado
em sombra, esse lado escuro da personalidade sobressai-se e impulsiona a ações
que estão destituídas de razão e da compaixão, desnaturadas nas bases e dominantes
na essência.”
Qual
é a base da nossa consciência?
Parte que o ego não conhece pode dominá-lo e
impulsionar a ter comportamento estranho: falta de compaixão...
Essa
parte é desnaturada na base. Então o processo de percepção fica fragilizado.
Corre-se o risco de ser dominado pela essência que lá atrás é instintiva sem
uso da razão e da inteligência, que são conquistas do espírito já consciente.
Precisamos
conhecer nosso outro lado ainda ligado ao instinto, pois poderemos ter atos que
nos surpreendem tanto para o lado positivo como para o negativo.
JOANNA
DE ÂNGELIS: “VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES, CAP. 7”
“O
ego está para a sombra assim como a luz está para as trevas. Essa é a qualidade
que nos torna humanos. Por mais que o queiramos negar, somos imperfeitos. E
talvez seja aquilo que não aceitamos em nós mesmos – a nossa agressividade e
vergonha, a nossa culpa e a nossa dor – que descobrimos a nossa humanidade.”
Precisamos
ver os conflitos como possibilidades de aprimoramento. Amar a pessoa que somos
com nosso lado positivo, bem como com o lado negativo.
O
homem de bem (Evangelho) não é o homem perfeito, mas o que se esforça para
tornar-se melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário