quarta-feira, 20 de março de 2013

14ª AULA – A SOMBRA

O INCONSCIENTE – ENCONTRO COM A SOMBRA

A SOMBRA
ROBERT BLY “AO ENCONTRO DA SOMBRA”
Passamos nossa vida até os 20 anos decidindo quais as partes de nós mesmos que poremos nas sacolas e passamos o resto da vida tentando retirá-las de lá. Algumas vezes parece impossível recuperá-las como se a sacola estivesse lacrada.”
Como a sombra começa a se formar?
A construção da sombra inicia no começo da vida. É nesta fase inicial da vida que o ser começa a colocar nas sacolas do subconsciente as raivas, frustrações, tristezas, irritações... para ser mais aceito pelos outros com quem convive.
Na adolescência ou na fase adulta,  continua colocando na sacola, cria uma persona e passa a acreditar que é a persona. Mas em algum momento, aquele conteúdo colocado na sacola precisa ser conhecido para que o processo de individuação se faça.
Ex.: História do médico e do monstro. Tentativa de separar o bom do mau.
Conclusão: Não é possível viver a separação das polaridades, separar nosso lado bom do mau. Precisamos trabalhar o lado mau.

JUNG: “A sombra personifica o que o indivíduo recusa conhecer ou admitir e que,  no entanto, sempre se impõe a ele, direta ou indiretamente, tais como os traços inferiores do caráter ou outras tendências incompatíveis.  É “aquela personalidade oculta, recalcada, frequentemente inferior”, que em geral, tem um valor afetivo negativo.” 
A sombra é o nosso oposto, aquilo que recusamos reconhecer em nós. No trabalho com a sombra precisamos aceitar aquilo que recusamos em nós.
“Existem, em nossa sombra, tendências incompatíveis com a sociedade e que recolocamos no inconsciente.”
Quanto mais a sombra fica no inconsciente mais se torna densa.
Ex.: Criança afetiva. Sua afetividade não aceita foi para o inconsciente. Na fase adulta,  ao manifestar atos de afeto e carinho, é provável que eles saiam do inconsciente da mesma forma imatura da infância, pois esse comportamento não foi atualizado no decorrer da vida. No complexo há energia para ser trabalhada, geralmente negativa.

JUNG
“Todo homem tem uma sombra e, quanto menos ela se incorpora à vida consciente, mais escura e densa ela será. De todo modo, ela forma uma trava inconsciente que frustra nossas melhores intenções.”
Por desconhecer a sombra, nossas melhores intenções são contaminadas por ela. São mal interpretadas.
No casamento: nossa sombra pode escolher o nosso parceiro para que possa ser trabalhada. Então vêm as frustrações, os boicotes. Os conteúdos desconhecidos impedem nosso processo de individuação, por não terem sido elaborados.

JUNG: “AION, PT. 423”
“A sombra não consiste apenas de tendências moralmente repreensíveis, mas também demonstram várias boas qualidades, como instintos normais, reações apropriadas, insights realistas, impulsos criativos, etc.”
Conteúdos que,  de repente,  aparecem como solução para problema. Vêm da sombra, do seu conteúdo positivo que aí se encontra.
Ex.: Instintos normais de preservação da vida.
Criatividade é conteúdo da sombra. O impulso criativo é um instinto. A criatividade nos torna flexíveis.

JOANNA DE ÂNGELIS: “JESUS E O EVANGELHO À LUZ DA PSICOLOGIA PROFUNDA, CAP. 22”
“As experiências não vivenciadas, as circunstâncias ainda não conhecidas constituem-lhe a sombra que se pode apresentar, também, do nosso ponto de vista, como os insucessos, os abusos, os desgastes a que se entregou, fazendo-a densa, porque necessitada de diluir-se através de outras atitudes compatíveis com as conquistas da inteligência e do sentimento.”
As experiências não vivenciadas pertencem à sombra e agem da mesma forma das que pertencem às vidas passadas, interferindo na pessoa que somos. Precisamos nos autoconhecer.
A forma de diluir a sombra densa é mudando de atitude. No aprimoramento dos sentimentos, atitudes,...é que as vidas sucessivas nos permitem diluir a sombra.

JOANNA DE ÂNGELIS: “O DESPERTAR DO ESPÍRITO, CAP. 2”
“A própria personalidade, não poucas vezes, apresentando-se fragilizada, fragmenta-se e dá surgimento a vários eus que ora se sobrepõem ao ego, ora se caracterizam como identidade dominante.”
A estrutura do ego frágil permite incorporar persona na nossa vida, fragilizando e fragmentando nossa personalidade, dando origem a vários eus. Várias personalidades, parecendo ser processo obsessivo. São parte de nós não aceitas e não vivenciadas.
Na vida diária: na profissão onde preciso usar de liderança e autoridade e se isso não é parte da personalidade que é insegura, ao perceber que no trabalho a autoridade traz conforto, passa a usar da mesma em outros campos da vida. Pode haver conflitos, O comportamento passa a ser estranho para os outros que não o reconhecem mais.
Como nosso processo de individuação pode acontecer com esse conflito de personalidade fragmentada (vários eus)?
Precisamos conversar e conhecer nossas partes inseguras, frustradas, autoritárias e fazer acordos, conhecê-las. Em cada uma das partes há algo importante para meu processo de individuação.

JOANNA DE ÂNGELIS: “O DESPERTAR DO ESPÍRITO; CAP. 2”
“Nessa aparente dicotomia dos dois eus, a ocorrência se dá porque um não toma conhecimento do outro de forma consciente, podendo mesmo negar-se um ao outro. O Eu, porém, é único, indivisível manifestando-se, isto sim, em expressões diferentes de consciência e de autorrealização.”
A importância de apresentar-se a si mesmo. Examinar em nós o que deve ser mudado. Fazer reflexão diária para o autoconhecimento.
Precisamos perceber o que é negativo em nós. Como podemos temer e querer viver plenamente ao mesmo tempo uma determinada situação?
Precisamos perceber o que nos causa insegurança e trabalhar para que possamos viver o que desejamos viver.

JOANNA DE ÂNGELIS: “O HOMEM INTEGRAL, CAP. 7”
“Mergulhado em sombra, esse lado escuro da personalidade sobressai-se e impulsiona a ações que estão destituídas de razão e da compaixão, desnaturadas nas bases e dominantes na essência.”
Qual é a base da nossa consciência?
 Parte que o ego não conhece pode dominá-lo e impulsionar a ter comportamento estranho: falta de compaixão...
Essa parte é desnaturada na base. Então o processo de percepção fica fragilizado. Corre-se o risco de ser dominado pela essência que lá atrás é instintiva sem uso da razão e da inteligência, que são conquistas do espírito já consciente.
Precisamos conhecer nosso outro lado ainda ligado ao instinto, pois poderemos ter atos que nos surpreendem tanto para o lado positivo como para o negativo.

JOANNA DE ÂNGELIS: “VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES, CAP. 7”
“O ego está para a sombra assim como a luz está para as trevas. Essa é a qualidade que nos torna humanos. Por mais que o queiramos negar, somos imperfeitos. E talvez seja aquilo que não aceitamos em nós mesmos – a nossa agressividade e vergonha, a nossa culpa e a nossa dor – que descobrimos a nossa humanidade.”
Precisamos ver os conflitos como possibilidades de aprimoramento. Amar a pessoa que somos com nosso lado positivo, bem como com o  lado negativo.
O homem de bem (Evangelho) não é o homem perfeito, mas o que se esforça para tornar-se melhor.


 
 

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