quarta-feira, 6 de março de 2013

AULA Nº 10 - A PERSONA E A LIBERTAÇÃO DO EGO



AULA Nº 10

A PERSONA E A LIBERTAÇÃO DO EGO

Persona: tem origem na história do teatro grego. Existia uma regra: todo o participante deveria confeccionar uma mascara para usar na festa, de forma que só olhando a máscara poderia ser reconhecido pelos demais participantes o papel exercido pela personagem; EX. se era o palhaço, o mocinho, etc.
Para Jung: Personare = persona que quer dizer máscara, dando origem a personalidade.

ÁLVARO DE CAMPOS: EXTRAIDO DO POEMA” TABACARIA”.

“Não sou nada. Nunca sei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Que sei do que serei, eu que não si quem sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!...Fiz de mim o que não soube, e o que podia fazer de mim não fiz. Quando quis tirar a máscara, estava pregada na cara.”
Retrata nossa relação com a persona. Ela fica tão impregnada em nós que perdemos a relação com quem somos.
A persona não é positiva e nem negativa. Jung diz que é o arquétipo da conformidade. A identificação com a persona é tanta que perdemos a noção de quem realmente somos.

JUNG EM O EU E O INCONSCIENTE, PT. 305
“A persona é um complicado sistema de relação ente a consciência individual e a sociedade. É uma espécie de máscara destinada, por outro lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado a ocultar a verdadeira natureza do individuo”.
A partir da relação da criança com os pais e a família que  a acolhe requer uma adaptação da mesma no meio familiar em que passa a viver.
A persona é uma personalidade externa, pública, aquela que podemos demonstrar aos outros. Precisamos de adaptação ao meio, agir e nos portar de acordo com o meio ou ambiente. Mostrar-nos de forma adequada ao ambiente (efeito sobre os outros). Por outro lado, precisamos ocultar nossa verdadeira natureza. Então usamos a persona para nos proteger, evitando nos expor ( ocultando nossos traumas, dores e conflitos...).
Para cada papel social ou função que exercemos usamos uma máscara adequada. Ex.Uma mãe quando foge aos padrões esperados pela sociedade é criticada. Não pode mostrar-se por inteiro. Precisa da persona para corresponder as expectativas da família ou da sociedade.Fazer uso da persona é uma tendência que trazemos por isso, diz-se que é um arquétipo.
JAMES HOLLIS – A PASSAGEM DO MEIO PG. 13
“Aquilo que podemos chamar de personalidade provisória é uma série de estratégias escolhidas pela frágil criança para lidar com a angustia existencial”.
Quando iniciamos um processo de autoconhecimento percebemos que desenvolvemos uma personalidade provisória que não expressa a pessoa real, mas é a persona que se adapta ou nos protege do meio familiar ou social em função de sermos reprimidos para nos adequar ao convívio da família ou da sociedade.

JAMES HOLLIS – A PASSAGEM DO MEIO, PG. 59
“Embora a persona seja uma superfície comum de contato necessária com o mundo exterior temos a tendência de confundir a persona das outras pessoas com a verdade interior delas, mas também achar que nós também somos os nossos papéis...”.
Pensamos que somos os papéis que exercemos e cobramos  dos outros a imagem que eles mostram(ignorando as mudanças e transformações que acontecem com a individuação). A tendência é confundir. Queremos que os outros sejam os mesmos todo o tempo. Ex. cobramos do espírita palestrante perfeição.
Precisamos saber não confundir a mascara do papel usado no exercício da profissão com o se real do dia-a-dia com problemas e dificuldades necessárias ao nosso processo de  individuação.

JOANA DE ANGELIS – O HOMEM INTEGRAL, PG. 57
“No caleidoscópio do comportamento humano há, quase sempre, uma grande preocupação por mais parecer do que ser, dando origem aos homens espelhos, àqueles que não tendo identidade própria, refletem os modismos, as imposições, as opiniões alheias. Eles se tornam o que agrada às pessoas com quem convivem, o ambiente que no seu comportamento neurótico se instala.”
O adolescente constrói sua identidade. Procura seu grupo, se veste como eles, etc. É fase natural da adolescência. Já no adulto este comportamento é prejudicial. Deixa de ser quem é para parecer o que os outros esperam dele. Torna-se uma pessoa espelho. Reflete o que esperam dele e perde-se de si própria. É fazer o que o que achamos que os outros esperam de nós e não o que realmente gostaríamos de fazer. É tentar parecer e não ser realmente feliz. Enganamos nossa realidade.

JOANA DE ANGELIS – O HOMEM INTEGRAL, PG.86
“Buscando enganar a sua realidade mediante a própria fantasia, o homem moderno procura a projeção da imagem sem o apoio da consciência. Evita a reflexão esclarecedora, que o pode desalgemar dos problemas, e permanecer em continuas tentativas de negar-se, mascarando a sua individualidade.”
Nossa sociedade rejeita a individualidade. Quem busca a auto realização, transformação é rejeitado. Muitos não buscam a transformação por não conseguir lidar com a dor e com o medo da rejeição dos outros. Precisamos parar e reflexionar quem realmente somos.
Em seus estudos Jung encontra dois tipos psicológicos: extrovertido e introvertido.
Extrovertido é aquele que percebe o objeto pelo seu valor externo.
Introvertido é aquele que percebe o objeto pelo seu valor interno.
A maioria se apresenta extrovertido, embora nem sempre seja extrovertido.
Assim se apresenta para ser aceita e se perde de si mesma. Então vem as conseqüências psicológicas: doenças psicológicas e somáticas, depressão,etc. e as conseqüências sociais por não trabalhar os conteúdos termina aparecendo a projeção. É como se construíssemos nosso castelo na beira do mar. Vem a onda e destrói tudo.
Se me recuso a fazer o mergulho interno e deixo que a persona faça o papel de proteção excessiva me transformo em armadura sem poder interagir com o mundo interno e nem externo. É preciso que o ego se aproprie do conteúdo do subconsciente.

JUNG – O EU E O INCONSCIENTE, PT. 307
“Ninguém pode, impunemente, desembaraçar-se de si mesmo em troca de uma personalidade artificial; até a tentativa de fazê-la acarreta, nos casos comuns, reações inconscientes, sob forma de mau humor, afetos, fobias, idéias obsessivas, vícios reincidentes, etc.”
O Self faz seu papel nos puxa-nos chama, nos manda condições de conteúdos para que possamos integrar outra vez a personalidade que está desintegrada. Acontecem as reações do mau humor. Somos nós que estamos mentindo, enganando nossa consciência. Acontecem os incômodos em função da mascara que usamos para nos enganar. O medo, o toque, a compulsão não é causada pelo obsessor, mas são conseqüências por estarmos presos aos desajustes e  nossa consciência reage. Quando o ego se sente ameaçado, retornamos aos vícios e aos desajustes. Precisamos libertar o ego das questões egóicas. Ele precisa transcender e tomar conhecimento da necessidade de transformar-se. Deixar de buscar o excesso de segurança para poder libertara-se.

JOANA DE ANGELIS – O DESPERTAR DO ESPÍRITO, PG.124
“Sem o egocentrismo perturbador, o individuo descobre quanto lhe é significativa a existência, investindo, em cada momento, de forma agradável e compensadora, esforços de auto-superação que se transformam em fonte geradora de felicidade.”
O ponto principal é libertar-se do egocentrismo. Este é o mal. Ex. alguém que se julga o centro de tudo. Tudo tem que acontecer como ele quer. Sua vontade é que é absoluta. Na verdade as coisas nem sempre são como queremos. Precisamos refletir sobre certas questões: Qual é o sentido da vida? O que estou fazendo de fato no mundo?  O ego está voltado para a satisfação das nossas necessidades. Precisamos libertá-lo para que o Self possa conduzir nossa individuação plenamente. Usara persona adequadamente não esquecendo do ser real que somos. Esse ser real deve aparecer na persona. Precisamos trabalhar os conteúdos do inconsciente. A persona deve nos proteger sem sufocar o ser real que somos.

JOANA DE ANGELIS – EM BUSCA DA VERDADE.
“Mantendo-se o ego em harmonia com o Self, equilibra-se o eixo que os liga, e a sombra cede espaço ao discernimento, liberando toda a energia para o processo de individuação que deve constituir a grande meta.”
Todos vivemos o processo de individuação (evolução), mas a maioria o faz inconscientemente. Quanto mais consciente mais aproveitado, mais rápido vai ser o processo. Nunca esquecer que proposta é o equilíbrio desse eixo.
O ego vai se desenvolvendo, se conhecendo de forma que já se pode servir a um só senhor. Não podemos servir ao ego e ao Self ao mesmo tempo. É preciso que o ego entenda que o Self é o senhor da casa. Que ele atenda ao Self para que nos transformemos em homens de bem não só na aparência mas de fato. 





    

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