AULA Nº 10
A PERSONA E A LIBERTAÇÃO DO
EGO
Persona: tem origem na
história do teatro grego. Existia uma regra: todo o participante deveria
confeccionar uma mascara para usar na festa, de forma que só olhando a máscara
poderia ser reconhecido pelos demais participantes o papel exercido pela
personagem; EX. se era o palhaço, o mocinho, etc.
Para Jung: Personare =
persona que quer dizer máscara, dando origem a personalidade.
ÁLVARO DE CAMPOS: EXTRAIDO DO
POEMA” TABACARIA”.
“Não sou nada. Nunca sei
nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do
mundo. Que sei do que serei, eu que não si quem sou? Ser o que penso? Mas penso
ser tanta coisa!...Fiz de mim o que não soube, e o que podia fazer de mim não
fiz. Quando quis tirar a máscara, estava pregada na cara.”
Retrata nossa relação com a
persona. Ela fica tão impregnada em nós que perdemos a relação com quem somos.
A persona não é positiva e
nem negativa. Jung diz que é o arquétipo da conformidade. A identificação com a
persona é tanta que perdemos a noção de quem realmente somos.
JUNG EM O EU E O
INCONSCIENTE, PT. 305
“A persona é um complicado
sistema de relação ente a consciência individual e a sociedade. É uma espécie
de máscara destinada, por outro lado, a produzir um determinado efeito sobre os
outros e por outro lado a ocultar a verdadeira natureza do individuo”.
A partir da relação da
criança com os pais e a família que a
acolhe requer uma adaptação da mesma no meio familiar em que passa a viver.
A persona é uma personalidade
externa, pública, aquela que podemos demonstrar aos outros. Precisamos de
adaptação ao meio, agir e nos portar de acordo com o meio ou ambiente. Mostrar-nos
de forma adequada ao ambiente (efeito sobre os outros). Por outro lado,
precisamos ocultar nossa verdadeira natureza. Então usamos a persona para nos
proteger, evitando nos expor ( ocultando nossos traumas, dores e conflitos...).
Para cada papel social ou
função que exercemos usamos uma máscara adequada. Ex.Uma mãe quando foge aos
padrões esperados pela sociedade é criticada. Não pode mostrar-se por inteiro.
Precisa da persona para corresponder as expectativas da família ou da
sociedade.Fazer uso da persona é uma tendência que trazemos por isso, diz-se
que é um arquétipo.
JAMES HOLLIS – A PASSAGEM DO
MEIO PG. 13
“Aquilo que podemos chamar de
personalidade provisória é uma série de estratégias escolhidas pela frágil
criança para lidar com a angustia existencial”.
Quando iniciamos um processo
de autoconhecimento percebemos que desenvolvemos uma personalidade provisória
que não expressa a pessoa real, mas é a persona que se adapta ou nos protege do
meio familiar ou social em função de sermos reprimidos para nos adequar ao
convívio da família ou da sociedade.
JAMES HOLLIS – A PASSAGEM DO
MEIO, PG. 59
“Embora a persona seja uma
superfície comum de contato necessária com o mundo exterior temos a tendência
de confundir a persona das outras pessoas com a verdade interior delas, mas
também achar que nós também somos os nossos papéis...”.
Pensamos que somos os papéis
que exercemos e cobramos dos outros a
imagem que eles mostram(ignorando as mudanças e transformações que acontecem
com a individuação). A tendência é confundir. Queremos que os outros sejam os
mesmos todo o tempo. Ex. cobramos do espírita palestrante perfeição.
Precisamos saber não
confundir a mascara do papel usado no exercício da profissão com o se real do
dia-a-dia com problemas e dificuldades necessárias ao nosso processo de individuação.
JOANA DE ANGELIS – O HOMEM
INTEGRAL, PG. 57
“No caleidoscópio do
comportamento humano há, quase sempre, uma grande preocupação por mais parecer
do que ser, dando origem aos homens espelhos, àqueles que não tendo identidade
própria, refletem os modismos, as imposições, as opiniões alheias. Eles se
tornam o que agrada às pessoas com quem convivem, o ambiente que no seu
comportamento neurótico se instala.”
O adolescente constrói sua
identidade. Procura seu grupo, se veste como eles, etc. É fase natural da
adolescência. Já no adulto este comportamento é prejudicial. Deixa de ser quem
é para parecer o que os outros esperam dele. Torna-se uma pessoa espelho.
Reflete o que esperam dele e perde-se de si própria. É fazer o que o que
achamos que os outros esperam de nós e não o que realmente gostaríamos de
fazer. É tentar parecer e não ser realmente feliz. Enganamos nossa realidade.
JOANA DE ANGELIS – O HOMEM
INTEGRAL, PG.86
“Buscando enganar a sua
realidade mediante a própria fantasia, o homem moderno procura a projeção da
imagem sem o apoio da consciência. Evita a reflexão esclarecedora, que o pode
desalgemar dos problemas, e permanecer em continuas tentativas de negar-se,
mascarando a sua individualidade.”
Nossa sociedade rejeita a
individualidade. Quem busca a auto realização, transformação é rejeitado.
Muitos não buscam a transformação por não conseguir lidar com a dor e com o
medo da rejeição dos outros. Precisamos parar e reflexionar quem realmente
somos.
Em seus estudos Jung encontra
dois tipos psicológicos: extrovertido e introvertido.
Extrovertido é aquele que percebe
o objeto pelo seu valor externo.
Introvertido é aquele que
percebe o objeto pelo seu valor interno.
A maioria se apresenta
extrovertido, embora nem sempre seja extrovertido.
Assim se apresenta para ser
aceita e se perde de si mesma. Então vem as conseqüências psicológicas: doenças
psicológicas e somáticas, depressão,etc. e as conseqüências sociais por não
trabalhar os conteúdos termina aparecendo a projeção. É como se construíssemos
nosso castelo na beira do mar. Vem a onda e destrói tudo.
Se me recuso a fazer o
mergulho interno e deixo que a persona faça o papel de proteção excessiva me
transformo em armadura sem poder interagir com o mundo interno e nem externo. É
preciso que o ego se aproprie do conteúdo do subconsciente.
JUNG – O EU E O INCONSCIENTE,
PT. 307
“Ninguém pode, impunemente,
desembaraçar-se de si mesmo em troca de uma personalidade artificial; até a
tentativa de fazê-la acarreta, nos casos comuns, reações inconscientes, sob
forma de mau humor, afetos, fobias, idéias obsessivas, vícios reincidentes,
etc.”
O Self faz seu papel nos puxa-nos
chama, nos manda condições de conteúdos para que possamos integrar outra vez a
personalidade que está desintegrada. Acontecem as reações do mau humor. Somos
nós que estamos mentindo, enganando nossa consciência. Acontecem os incômodos
em função da mascara que usamos para nos enganar. O medo, o toque, a compulsão
não é causada pelo obsessor, mas são conseqüências por estarmos presos aos
desajustes e nossa consciência reage.
Quando o ego se sente ameaçado, retornamos aos vícios e aos desajustes.
Precisamos libertar o ego das questões egóicas. Ele precisa transcender e tomar
conhecimento da necessidade de transformar-se. Deixar de buscar o excesso de
segurança para poder libertara-se.
JOANA DE ANGELIS – O DESPERTAR
DO ESPÍRITO, PG.124
“Sem o egocentrismo
perturbador, o individuo descobre quanto lhe é significativa a existência,
investindo, em cada momento, de forma agradável e compensadora, esforços de
auto-superação que se transformam em fonte geradora de felicidade.”
O ponto principal é
libertar-se do egocentrismo. Este é o mal. Ex. alguém que se julga o centro de
tudo. Tudo tem que acontecer como ele quer. Sua vontade é que é absoluta. Na
verdade as coisas nem sempre são como queremos. Precisamos refletir sobre
certas questões: Qual é o sentido da vida? O que estou fazendo de fato no
mundo? O ego está voltado para a
satisfação das nossas necessidades. Precisamos libertá-lo para que o Self possa
conduzir nossa individuação plenamente. Usara persona adequadamente não
esquecendo do ser real que somos. Esse ser real deve aparecer na persona. Precisamos
trabalhar os conteúdos do inconsciente. A persona deve nos proteger sem sufocar
o ser real que somos.
JOANA DE ANGELIS – EM BUSCA
DA VERDADE.
“Mantendo-se o ego em
harmonia com o Self, equilibra-se o eixo que os liga, e a sombra cede espaço ao
discernimento, liberando toda a energia para o processo de individuação que
deve constituir a grande meta.”
Todos vivemos o processo de
individuação (evolução), mas a maioria o faz inconscientemente. Quanto mais
consciente mais aproveitado, mais rápido vai ser o processo. Nunca esquecer que
proposta é o equilíbrio desse eixo.
O ego vai se desenvolvendo,
se conhecendo de forma que já se pode servir a um só senhor. Não podemos servir
ao ego e ao Self ao mesmo tempo. É preciso que o ego entenda que o Self é o
senhor da casa. Que ele atenda ao Self para que nos transformemos em homens de
bem não só na aparência mas de fato.
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