SOBRE
O INCONSCIENTE PESSOAL E COLETIVO
Conhecemos
muito pouco de nós mesmos para dizer quem somos.
Quem
descobriu o inconsciente foram os filósofos da antiguidade, embora só quando o
Pai da Psicanálise começou a fazer seus estudos descobriu que o inconsciente
influi sobre nossa vida consciente.
JOANNA
DE ÂNGELIS EM O TRIUNFO PESSOAL, CAP.1
“As
impressões armazenadas em camadas abaixo da consciência constituem a área que
Freud denominou como inconsciente, enquanto que Jung passou a nomeá-la como
inconsciente individual com a finalidade de diferenciá-lo do que denominaria
coletivo.”
Freud,
no início, achou que estariam apenas as lembranças daquilo que reprimimos e
desejaríamos esquecer. A Psicanálise tinha por função produzir a catarse. O
paciente falava e dava livre vazão a suas ideias como forma de equilibrar o
consciente com o inconsciente, trabalhando alguns distúrbios neuróticos.
Quando
Jung começa a estudar o inconsciente, percebeu que aí havia algo mais e
grandioso e que ele trazia toda a trajetória da humanidade presente no mundo
inconsciente; por isso dividiu em inconsciente pessoal e coletivo.
JUNG
“O
inconsciente descreve em estado de coisas extremamente fluido: tudo o que eu
sei, mas que no momento não estou pensando; tudo aquilo de que antes eu tinha
consciência, mas que agora me esqueci; tudo o que é percebido pelos meus
sentidos, mas que não foi notado pela minha mente consciente; tudo aquilo que
involuntariamente e sem prestar atenção, sinto, quero e faço; todas as coisas
futuras que estão tomando forma em mim e que em algum momento chegarão à
consciência: tudo isto é o conteúdo do inconsciente.”
A
mente trabalha de forma associativa. Ex.: escutar uma música e ser remetido ao
passado pinçando lembranças do inconsciente.
Mesmo
sem não nos darmos conta nosso inconsciente grava tudo o que acontece ao nosso
redor. O desafio da nossa personalidade é harmonizar as forças do inconsciente
com a nossa consciência. E isso pode se dar através dos sonhos, das fantasias e
imaginações. Essa é a forma de comunicação entre o inconsciente e a
consciência. Esse conteúdo se manifesta de forma simbólica. Temos sonhos sem pé
e sem cabeça. Não entendemos. Precisamos questionar e refletir. O trabalho
principal é harmonizar o eixo ego/Self e buscar o equilíbrio. O Self é a
totalidade e contém o inconsciente e o consciente. O ego contém apenas a
consciência.
JUNG
EM O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS, PG. 41
“Esquecer”,
nesse sentido, é normal e necessário para dar lugar a novas ideias e impressões
na nossa consciência. Se tal não acontecesse, toda a nossa experiência
permaneceria acima do limiar da consciência e nossas mentes ficariam insuportavelmente
atravancadas.”
O
ego, que é a consciência, seleciona os conteúdos. É como o esquecimento das vidas
passadas para que possamos ter equilíbrio e dar lugar ao novo. Quantas
experiências vivemos e são arquivadas no inconsciente no decorrer da vida.
Renascemos para reelaborar as que não foram bem elaboradas em nossa vida. É por
isso que a terapia busca a vivência infantil para reelaborar aquilo que não foi
bem trabalhado. Quem fomos no passado? É analisar nossa vida atual: o que
vivemos, como nos comportamos, o que nos acontece sem que possamos mudar e
teremos a resposta. Ex.: fumante no
passado, bronquite no presente. Os efeitos na vida presente revelam nosso
passado. Nesse sentido, o esquecimento do passado é uma bênção para que
possamos evoluir equilibradamente.
JOANNA
DE ÂNGELIS “EM BUSCA DA VERDADE, CAP. 1”
“A
grande maioria dos atos e comportamentos humanos, na sua expressão mais
volumosa, procede do inconsciente, sem interferência da consciência lúcida.”
No
inconsciente temos grande carga de energias afetiva e emocional. São lembranças
que possuem energia ou carga emocional com a qual nem sempre sabemos lidar
quando não possuímos um ego bem estruturado. Precisamos harmonizar com a consciência
lúcida a força que provém do inconsciente, para evitar que emoções vindas do
inconsciente não desequilibrem nosso comportamento fazendo-nos escravos dos próprios
conflitos.
JOANNA
DE ÂNGELIS “VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES, CAP. 7”
“Toda
a vez que a mente consciente dá-se conta de que o inconsciente se encontra
envolvendo-a, é tomada por certas expressões de deslumbramento ou choque, já
que é a totalidade, o oceano incluindo o iceberg, que vem à tona.”
O
consciente mais o inconsciente seria igual ao iceberg. A parte à tona é o
consciente. A parte submersa é o inconsciente. Ambos formam a totalidade.
De
que forma nos relacionamos com as forças que provêm do inconsciente? Como
promovemos o mergulho no inconsciente para não nos tornarmos reféns dessas
forças que nos fazem tomar atitudes que não desejamos ou esquecer experiências
que reprimimos pela dor que nos trazem? Não podemos esquecer a importância da
estruturação do ego para não negar o que vem do inconsciente, mas entender e
aceitar para depois nos libertar estabelecendo uma ponte saudável com o
inconsciente.
Ex.:
Sonho que muda nosso humor o dia todo de forma positiva ou negativa.
A
educação muda nossa relação com o consciente e com o inconsciente.
JUNG
“A FUNÇÃO DO INCONSCIENTE”
“O
inconsciente tem uma função compensatória que busca “regular” a psique como um
todo, através dos símbolos que aparecem nos sonhos e que não são
conscientemente reconhecidos, ou os significados das situações cotidianas que
foram por nós ignoradas, ou conclusões a que não chegamos, ou afetos que não
foram por nós admitidos, ou críticas que deixamos de fazer a nós mesmos.”
As
energias não trabalhadas não nos liberam para nossa individuação. Tudo o que é
rejeitado está no inconsciente e precisam ser trabalhadas, para não nos
tornarmos pessoas neuróticas deixando de sermos felizes. Precisamos trabalhar a
autoestima.
JUNG
“A MENTE MOVE A MATÉRIA, P.102”
“Além
do inconsciente pessoal, encontram-se também no inconsciente propriedades que
não foram adquiridas individualmente: foram herdadas, assim como os instintos e
os impulsos que levam à execução de ações comandadas por necessidade mas não
por motivação consciente,”
Nesse
ponto Jung diverge de Freud. Para este o inconsciente continha apenas os
conteúdos reprimidos ou negados pelo consciente. Jung diz que há algo além. É
como se manifestasse na psique de cada ser, como se herdasse todas as eras da
história da humanidade. O homem ou a mulher primitiva de tempos remotos se
manifestam através de os mitos. É o inconsciente coletivo. O ser traz toda a
história ou trajetória da sua evolução.
JOANNA
DE ÂNGELIS “VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES, CAP.7”
“Indispensável,
porém, ter-se em mente a presença do espírito, que transcende os efeitos e
passa a exercer a sua função na condição de inconsciente, depósito real de
todas as experiências no larguíssimo trajeto antropossociopsicológico, de que
se faz herdeiro nos sucessivos empreendimentos das reencarnações.”
Trazemos
em nós a carga de homens e mulheres primitivos. Somos capazes de barbaridades
ainda. Somos herdeiros de nós mesmos. O espírito dorme na pedra... desperta no
homem e caminha para a angelitude. Trazemos em nós também a riqueza de todas as
experiências vividas bem como possibilidades de transformação dos conteúdos que
precisam ser reelaborados. Importante é não negar o erro, mas transformá-lo.
JOANNA
DE ÂNGELIS “VIDA: DESAFIOS E SOLLUÇÕES, CAP. 7”
Enquanto
o indivíduo não descobre a realidade do seu inconsciente pode permanecer na
condição de vítima de transtornos neuróticos, que decorrem da fragmentação do
vazio existencial, da falta de sentido psicológico, por identificar apenas uma
pequena parte daquilo que denomina como realidade.”
Precisamos
mergulhar e conhecer melhor o inconsciente para não sermos vítimas dos
transtornos neuróticos. Precisamos nos conectar com o Self. Trazer à tona
nossas qualidades, etc. Precisamos refletir: qual é minha neurose para poder
trazê-la do inconsciente para trabalhá-la.
Ex.:
doce se associa a afeição. Quando sinto falta do afeto assalto a geladeira
comendo os doces ali contidos, como compensação. É compulsão.
JUNG
“O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS, PG.41”
Além
de memórias de um passado consciente longínquo, também pensamentos inteiramente
novos e ideias criadoras podem surgir do inconsciente – ideias e pensamentos
que nunca foram conscientes. “Como um lótus nasce das escuras profundezas da
mente para formar uma importante parte da nossa psique subliminar.”
Existe
muita riqueza no inconsciente, não só energias desequilibradas.
Somos
uma individualidade. Não podemos nos bloquear, nos tornarmos robôs
condicionados às influências externas. Precisamos nos conhecer para sermos
livres e felizes.
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